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Aprenda 3 habilidades sobre a comida que a vida móvel convida

Atualizado: 3 de mai.

Destaque que você encontrará nessa leitura:

  1. Comer contextual

  2. Habilidades de escolhas amorosas-inteligentes

  3. Transgressões à cultura da dieta

  4. Familiaridade X sensação de casa


Maio começa a soprar por aqui, por aí e por todo canto.


Como apreciar e deixar ir? Essa é uma pergunta que me faço com frequência. A cada cidade que encontro uma vista encantadora, um café maravilhoso, uma escola de yoga que me identifico, uma cama confortável.


Como não gostar e não fugir instantemente? Essa também fico curiosa e em especial para uma cidade que fiquei e a cama que dormia não era nem de longe confortável e ficaria naquele espaço por 2 meses.

Engatinho em escrever sobre a vida móvel. Desde 2021, eu, Pedro, Cacau e Amora andamos pelo Brasil, vivendo em Airbnb. Há uma ideia de que viver móvel é apenas a beleza de viver viajando, e claro que isso não abarca toda a experiência. Nas minhas primeiras crises fortes da Síndrome do Intestino Irritável eu estava morando em um apartamento na cidade de Florianópolis (a primeira cidade da vida móvel) e ficava dias na cama. Quando pensava em uma vida mais perto do mar, tinha essa ideia inocente e equivocada de felicidade e bem-estar. Como a vida poderia ser tão desafiadora com a vista para o mar?


A mente está sempre fazendo isso, sempre achando que alguma coisa irá nos livrar por completo de uma vida desafiadora.


Enquanto nos adentramos nesse texto, convido a reflexão sobre a comida para que nos guiar sobre o que tenho aprendido. Quem sabe vamos percorrer habilidades que são essenciais independente se estamos mais móveis ou com raízes em algum lugar. A vida móvel pode apenas deixar mais clara quais são essas habilidades.


Prontas?


1. O típico e o atípico


Uma das coisas que escuto no consultório é “Essa foi uma semana atípica em relação a comida”. Isso é dito quando as pessoas querem descrever quando uma semana não foi bem o que gostariam que fosse quando o assunto é comida. Percebo que na vida móvel talvez não tenha dias típicos e atípicos. Podemos aprender a como ler o contexto, o que quero dizer é que você não sabe quais utensílios terão na casa, qual é o tamanho da cozinha, qual é o mercado mais próximo, as comidas da região e se serão gostosas ou não. Assim há o treino de se aproximar de cada lugar e fazer escolhas a partir de cada contexto que se apresenta. Faço escolhas baseadas no contexto da fome, das comidas, das minhas emoções, dos pedidos do corpo, do cansaço/vitalidade, do tempo de se ambientar em cada lugar e outros.


Poderíamos dizer que viver móvel cultiva uma habilidade essencial que é o comer contextual ou comer sensível ao contexto. Escrevendo agora me veio a ideia de que pode parecer cansativo, quando na verdade percebo que no dia a dia isso nada tem de cansativo, me traz empoderamento, não importa onde eu esteja irei ser capaz de fazer escolhas amorosas-inteligentes e serei capaz de acolher enquanto faço escolhas e meu corpo e coração respondem que não eram bem isso.


2. “Não menospreze a sensação de casa e do familiar”


No ano passado em uma passagem pelo estado de São Paulo, aproveitei para fazer alguns exames relacionados à uma possível endometriose que estaria relacionada à Síndrome do Intestino Irritável. Aproveitei para ir à Ribeirão Preto, cidade em que estudei e passei 13 anos da minha vida. Quando cheguei e fiz um exame com preparo super desconfortável, me lembro de o barulho da estrada trazer relaxamento ao meu corpo, fiquei curiosa, e logo veio a lembrança que nos meus melhores ano naquela cidade eu morava pertinho da estrada e a escutava constantemente.


É importante pontuar o que quero dizer quando falo de familiar e a sensação de casa.


Quem sabe antes eles não teriam uma diferença clara para mim. A som da estrada é conhecido, eu sei lidar, minha mente aprendeu a ignorar ou quando se incomoda já não reajo como se o estímulo fosse novo. No que é familiar não importa se é confortável ou desconfortável, mas é algo que você sabe como reagir, quem sabe sem tantas surpresas, ou ainda já se acostumou com a irritação do estímulo.


A sensação de casa significa outra coisa para mim, uma sensação que começa mais perto da barriga e sobe até meu rosto e provoca um leve sorriso. As feiras livres são esses lugares para mim, posso chegam em uma e não conhecer ninguém e ter alimentos que nunca vi, e assim caminho por ela com esse sorriso no rosto. Estar no mato me traz essa sensação de casa, descobrir que tem uma composteira do lado de casa e vou poder ver o poder da putrefação da terra me traz a sensação de casa (Ps. estou com uma fascinação por esse processo de putrefação, já pensou como ele é essencial?).


A lindeza disso é que, o que é familiar para mim e traz a sensação de casa pode ser totalmente diferente do que é para você.


Quando trazemos isso para comida podemos ficar curiosa qual comida traz a familiaridade e quais são aquelas que produzem esse sorrisinho no rosto?

3. O potencial de liberdade escondido nas transgressões


Cuidar da nossa relação com a comida tem um pedido de questionar, não algo maçante, mas algo libertador, como se a cada questionar fosse ainda mais desafiador prender você dentro de algo. Isso me vem muito ao pensar sobre o guarda-roupa. Tudo que tenho cabe em poucas malas e tem roupas de frio/calor, um mini estúdio móvel, um tapete de yoga e pequena caixa que tenho guardado preciosidade que encontro por aí como uma baunilha do cerrado que ganhei de uma chef de cozinha em Uberlândia. Dedico um tempo para pensar sobre as roupas, quando temos mais espaço, decidir quando realmente comprar ou quais continuar e quais doar não vem tanto a mente. Aqui a cada mudança de cidade coloco tudo em malas de novo e essa reflexão é convidada ao fechar o zíper.


Algumas das indagações vem no dia a dia também, morando em um estado que tem muitas cachoeiras, Goiás, tenho pensado sobre biquini porque afinal temos biquinis tão desconfortáveis com aqueles lacinhos e modas. E qual é a diferença entre uma parte de baixo de biquini e uma calcinha confortável que não fica entrando em nenhum lugar enquanto aproveitamos a água.


Sabe aquele sorrisinho que mencionei antes? Ele voltou enquanto eu estava na cachoeira de calcinha. Um sorrisinho de liberdade, com gosto de transgressão.

Como seria comer com um ato de transgressão?

  • Comer questionando a mentalidade de dieta

  • Comer honrando sua fome e deixando ir a ideia de 2 colheres de arroz e 1 de feijão

  • Comer lambendo os beiços e se permitindo sentir prazer

Quem sabe podemos treinar pequenas transgressões às convenções vigiantes como, a pressão sob o corpo das mulheres, a como deveríamos nos vestir, nos portar, falar baixo, ser agradável e mais. Assim fica mais facilitado o processo de transgredir a cultura dieta na relação com a para poder trazer isso a comida


Juntas podemos ir digerindo esse texto, decantando, ficando curiosas para a relação com a comida, bebendo dessa fonte para aprender quais palavras descrevem um comer mais livre, sem tantas prisões. Percebendo como o comer tem faces diferentes, e que querer abarcar tudo em um texto, querer o comer perfeito está fadado ao fracasso.


Compartilhem comigo se essas palavras fizeram sentido para vocês? E o que surgiu de pensamentos por aí?


Um abraço, da sua nutricionista AntiDieta, móvel pelo Brasil

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